Tem sido entre todos... A melhor companhia!

Querido leitor. É com imenso carinho que trago mais um de meus textos na expectativa de suscitar, quem sabe, alguns momentos de reflexão. Entre um café e outro, uma pausa para pensar em si mesmo, seus anseios, as dúvidas, as motivações que levam sua vida adiante ou que talvez até estejam te deixando aí parado, sem reação, alguém que simplesmente está existindo. Estamos sendo absorvidos frequentemente, em meio a um turbilhão de informações, afazeres, compromissos, responsabilidades. Falta tempo!

O dia talvez devesse ter 48hs ou mais, pensamos. E se tivesse? Se fosse possível realmente? O que mudaria em você, pra você? Acredito que o tempo não seja o maior responsável por nossas faltas mas sim o abandono! Abandono de nós mesmos entre tantas desculpas que a gente tem dado. Seja para não sofrer, não ver a realidade que se passa ao redor.

A gente costuma dar desculpas o tempo todo para não mudar. Isso tem custado caro demais. Pessoas perdem a sanidade e o equilíbrio mental, psíquico, emocional, todos os dias, em qualquer lugar, atacam os outros de diversas maneiras em defesa daquilo que está acontecendo dentro de si mas que, não sabem como lidar. Às vezes é necessário se afastar um pouco, retirar-se desse cenário turbulento, aquietar-se para poder então ouvir de si, e em si o que realmente importa. Muitos de nós desconhece ou ignora o fato de que uma das melhores conversas acontece entre a gente com a gente mesmo.

Afinal de contas, quem nos conhece melhor que nós!? Um novo ano se inicia e traz necessidades diversas consigo. Ao meu ver a mais importante dentre elas é o autoconhecimento, uma forma de transformar a si próprio, as relações como um todo. É preciso recuar um pouco e ouvir aquilo que não está sendo dito. Talvez tenha chegado o momento de ser um pouco mais egoísta, priorizar-se. Se reencontre! Através de você outros também podem viver melhor.

Tem sido entre todos... A melhor companhia!

"E tenho buscado por ti cada vez mais. Sinto-me entregue ao ouvir a melodia que encanta aos ouvidos, faz brilhar os meus olhos, palpitar o meu peito, entorpece meu íntimo, sem nada dizer. Toca minha"lma como se fosse parte viva em mim... Em instantes de aflição devolveu-me a serenidade e isso é fato. Não nego! São dias e noites, horas em que me entrego a procura de entender a mim mesma, sentir minha essência, o cheiro da própria pele, ouvir o som que há muito havia esquecido.

É como se apenas tu fosse capaz de dizer aquilo que ninguém mais sabe sobre mim, de um jeito que me acalenta, afaga meu sono, embala minhas angústias, as fraquezas, os sonhos, és o único capaz de dizer algo que realmente vale a pena ser ouvido sobre nós... Eu e tu! Sem pausas. Sem julgamentos. Uma fala animada em linguagem só nossa, carregada de lembranças, belas recordações emolduradas em saudades, penduradas nas paredes do tempo. Segredos só nossos, coisas que até de mim escondi, em ti eu guardei... emprestou-me parte das gavetas desse teu armário imenso que ocupou por tanto tempo um cômodo em meu peito, quase uma eternidade. Pareceu ser assim. Agora não mais. Resistimos um no outro. Temos tido bons momentos juntos. Em certas ocasiões por vezes eu sentia falta e não entendia o porquê, uma falta sei lá de quê! Só agora compreendo. Era saudade de nós. As vezes em que faltava tua companhia. Tantos afazeres! Esquecia. São esses momentos que me fazem refletir e dar mais atenção a tudo que está em volta.

Quis remexer esse cômodo, as gavetas em teu armário, nossas recordações. Percebo com certa melancolia que de alguma forma, apesar de parecer perdida, nunca estive tão presente em mim, em meus dias, na vida que me vem como um presente. Talvez um pouco tardia. Talvez não. O momento de chegar deve ser mesmo esse, agora. Ou quem sabe de partir ou até de libertar. Sim, libertar! A mim? Também. Eu e minhas vontades. Os planos, o desejo de ser mais, ser melhor, amar grande algo ou alguém que realmente faça diferença em minha vida, algo que não apenas exista, mas que motive minhas capacidades, ser grande em tudo aquilo que até aqui... foi só um pensar desequilibrado e distante. Algo que parecia impossível mas, não é.

Agora sei! Faltavam alguns ajustes. Sou alguém movida a impulsos, desinquieta ao extremo. Não aprendi ser monotonia em uma vida que pulsa latente como sangue que ferve. Percebi isso enquanto nós dois conversávamos. Ouvi de ti o que parecia ser tão óbvio, neguei-me a entender por tanto tempo. A gente é como é... As circunstâncias são outras e isso também é um fato. Mudamos constantemente, a vida passa e se transforma, disso ninguém escapa, e a gente nem sempre escolhe, mas vive. Vive a se esconder das verdades inevitáveis, para agradar a outros, nos moldamos em ocasiões e contextos difusos, partes de um existir prolixo, um ser deveras relapso... Confuso. Perdidos na agitação do mundo. Por isso te busco, me guardo. Sujeito a ficar assim, em ti, recluso. Contemplar o SILÊNCIO me faz compreender a intensidade da vida... Devolve paz aos meus dias, faz serenas minhas noites. Um lugar em que posso ser apenas eu..."

Cláudia Oliveira